sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Alvorecer num Belo Horizonte [2006-2007]

Eu tinha um alvo a ser alcançado, alvo este que me ajudaria no meu ministério: eu queria estudar etnomusicologia para poder servir a Deus como missionário no campo transcultural, algo já descrito aqui neste espaço com mais detalhes. Para isso era necessário primeiro fazer uma universidade, de preferência em música, para então estudar etnomusicologia num curso de pós-graduação, uma vez que este ainda não tinha a nível de graduação. Foi o que aconteceu, em 2004 me formei em Licenciatura em Música pela Universidade do Estado do Pará e passei o ano de 2005 trabalhando como professor de violino. No final deste ano eu me inscrevi para o mestrado em música em duas universidades federais: UFMG e UFPB.

Em novembro de 2005 fui a Belo Horizonte presta o exame de admissão e depois de alguns dias de prova fui até a sala da minha possível orientadora e conversei com ela sobre as chances de eu estudar ali. Ela deu um telefonema rápido para saber in off  o resultado das provas de admissão do mestrado e depois que desligou ela me disse “olha, você passou. Está aprovado no mestrado.” Até hoje eu lembro do sorriso que expressei ao ouvir estas palavras.

Foram dois anos de muitos estudos, leituras e exercícios mentais para eu finalmente compor minha obra de conclusão de curso, a tão sonhada dissertação. O tema que abordei foi “A Música na Mitologia Tenetehara” falando sobre a presença musical no universo mitológico dos índios guajajara. Precisei ler muitas produções acadêmicas, muitos livros de antropologia e etnomusicologia. Foi um esforço muito árduo, eu parecia não dominar as técnicas e os vocabulários empregados pelos professores. Logo no começo dos estudos fui confortado com um versículo no livro de Daniel: “A esses quatro jovens Deus deu sabedoria e inteligência para conhecerem todos os aspectos da cultura e da ciência”(Dn 1.17) . Era exatamente isso que eu precisava, ter domínio sobre a ciência e a cultura dos homens. Não ouso dizer que eu estava na mesma situação que Daniel, mas me identifiquei muito com ele por estar lidando com algo completamente novo e com pessoas que estavam muito mais adiantadas do que eu nesses estudos. Nos últimos meses eu que eu me dedicava exclusivamente a elaboração da dissertação também fui confortado por Deus quando lia o livro de Gênesis “O Senhor, a quem tenho servido, enviará seu anjo com você e coroará de êxito a sua missão” (24.40).

Deus não só coroou de êxito minha missão como também me fez descansar nele ao longo dessa jornada. Em abril de 2008, eu já estava estudando no Instituto Missionário Palavra da Vida, e estava terminando de escrever a minha dissertação. Vim para Belo Horizonte para defender o que eu havia estudado, alguns amigos estiveram presentes naquele momento, inclusive meu pai que veio de Atibaia para BH para me dar o suporte que eu precisava naquele momento. O resumo de tudo é que a dissertação foi defendida, avaliada pelos examinadores que após deliberarem me chamaram na sala. O resultado foi que eu havia sido aprovado mas, que ainda precisava fazer algumas pequenas correções na dissertação.

Durante os anos que morei em Belo Horizonte freqüentei a 6ª Igreja Presbiteriana. Aquela família me recebeu com os braços abertos. O primeiro contato mais profundo que tive com aqueles irmãos foi no acampamento de carnaval de 2008, eu havia acabado de chegar na cidade e fui participar da programação ali. Fiz grandes amizades e os relacionamentos se tornaram mais profundos com a convivência.

Ali na igreja participei ativamente do grupo de jovens, do coral, da equipe de músicas e do grupo Ânima. Foi um tempo de grande alegria, satisfação e também de algumas boas tristezas. Alguns amigos foram particularmente importantes para o meu crescimento pessoal. Fiz questão de adicioná-los na secção “agradecimentos” da minha dissertação que segue abaixo, na íntegra:

Como entender sobre as sociedades humanas e suas histórias sem admitir a existência de uma mente por detrás de tanta diversidade organizando e encaixando todos os detalhes em seu devido lugar? É a este Ser Supremo e Criador de todas as coisas que deixou um resquício da eternidade no coração do homem que o torna incapaz de compreender tudo ao seu redor e incapaz de entender as perfeições das relações humanas, eternidade essa que só pode ser preenchida por alguém do tamanho da eternidade. É a este Deus que dedico esta obra; a quem agradeço e ofereço minhas primeiras palavras de gratidão.
 Também devo grande parte dos meus esforços para a conclusão deste curso aos meus pais Natanael e Enedina Negrão. Além de grandes incentivadores, grandes alicerces. Além de grandes colaboradores, grandes amigos. Além de grandes parceiros, grandes guias que me conduziram por um “caminho sobremodo excelente” e estiveram ao meu lado até aqui. Vocês foram imprescindíveis para que eu alcançasse esta vitória. Este título é nosso. Amo vocês. E aos meus irmãos, Susie e Joás Negrão, que estiveram perto, mesmo distante geograficamente, e juntos nesta causa, mesmo em cidades separadas. Obrigado por poder contar com vocês.
À professora Rosangela que com tanta resiliência e firmeza conduziu minha mentalidade, minhas idéias e meus novos conhecimentos para um objetivo muito maior que uma simples conclusão de curso ou término de uma dissertação, conduziu para um universo maior que a academia. Você me levou a enxergar a amplidão do mundo e suas diversidades com olhos desvendados e a considerar a variedade desta diversidade como algo singular. Um simples obrigado não basta para agradecer o tanto que você batalhou para me ajudar a alcançar este objetivo. Ainda assim... MUITO OBRIGADO.
É impressionante como o ser humano é um ser relacional. Não há o que ele faça que não esteja acompanhado de outros. Às muitas pessoas que estiveram ao meu lado enquanto morava em Belo Horizonte, vai meu último, porém não menos importante, obrigado. A cada família, a cada amigo, a cada pessoa que esteve ao me lado nestes anos eu agradeço de coração. Aos membros da 6ª Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte e aos membros da família da APEC de Minas Gerais, dedico um agradecimento muito especial. Cada vez mais eu me convenço de que Deus coloca em nossas vidas pessoas que nos ajudem a trilhar o caminho certo e vocês foram essas pessoas. Fizeram isso cada vez que falaram algo que eu não queria (mas precisava) ouvir, que me alertaram quando havia algo duvidoso por onde eu estava caminhando.
Vocês foram verdadeiros ribeiros de água me dando Ânimo nos momentos difíceis em que precisava de auxílio e duras cunhas de ferro nos momentos fáceis quando eu precisava de exortação. Agradeço muito a Deus por ter colocado vocês em meu caminho e conduzido meu caminho até vocês. Através dElle vocês puderam me abençoar e por serem francos comigo eu fui cappaz de crescer em caráter. Estou feliz por ter concluído esta jornada, mas não conseguiria sem bons amigos como vocês. 
Soli Deo Gloria