quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Projeto Moçambique - Março/2003

Fiquei conhecendo o Movimento Estudantil Alfa e Ômega em 2002 quando estudava na UEPA (Universidade do Estado do Pará).  Durante aqueles anos participei do Alfa e Ômega e organizei, junto com alguns amigos, um grupo de estudos bíblicos e oração com os universitários, assunto já comentado anteriormente neste espaço. Um dos objetivos do Alfa e Ômega era levar o Movimento para universidades que ainda não tinha, para isso eram organizados Projetos Missionários Nacionais (que alcançava as Universidades do Brasil) e Internacionais (alcançando universidades de outros países).

Num dos Congresso do Alfa e Ômega que fui fiquei desafiado a participar do Projeto Moçambique que seria realizado em março de 2003 na Universidade Eduardo Mondlane em Maputo, capital de Moçambique. Fiquei muito encorajado a participar e voltei do congresso empolgado com essa possibilidade. Contei para os meus pais e eles me apoiaram, me passaram seus contatos. Escrevi uma carta de divulgação e Deus me forneceu o sustento de 2.000,00 dólares que eram necessários para a despesa da viagem de 30 dias.

No dia marcado saí de Belém para me encontrar no Rio de Janeiro com os outros universitários do Alfa e Ômega que iriam participar do Projeto Moçambique. Nossa equipe era formada pelos missionários da Cruzada Estudantil, Nilson, Bill, Erica Ribeiro e Cristobel e pelos estudantes Cíntia Couto, Érica Reis, Osmar, Lucas, Savana, Sabrina, Giovanna, Joel, Milena, Raquel (todos esses do Rio de Janeiro), Cyntia Nascimento e Wladia (de Fortaleza) e eu de Belém. Durante o mês do projeto foi-nos dada a tarefa de fazer o devocional todos os dias no livro de Atos e ler o livro “Corações Ardentes” de Sammy Tippit, também aproveitei pra ler, por minha conta, o livro “O Fator Melquisedeque” de Don Richardson. Foram leituras muito edificantes.

Nosso trabalho ali consistia basicamente em fazer quebra-gelos na Universidade, impactos evangelísticos nas salas de aula, evangelismo pessoal e discipulado com aqueles que se convertiam ao Senhor. Abaixo descrevo brevemente cada uma dessas atividades. Nós alcançamos 3 campus: o principal onde tinha a maioria dos cursos, o campi de medicina e o campi de engenharia.

Bruno (de preto) Meirinho (camiseta branca)
Quebra-Gelo – esse era o evento chave na universidade. Nós marcávamos um horário para estas programações e definíamos uma sala onde aconteceria, isso facilitava a divulgação nas salas onde avisávamos que nós teríamos uma programação divertida com uma mensagem importante para transmitir para os alunos. Nos quebra-gelos nós fazíamos peças, esquetes, tinha música, dinâmicas de grupo e a apresentação da mensagem de salvação. Distribuímos alguns CDs de áudio do Filme Jesus.

Impactos evangelísticos nas salas – em cada campus que íamos, nós pedíamos permissão para o professor do horário para passar a mensagem do Evangelho bem rapidamente, no final a gente anunciava o quebra-gelo e esperava que eles comparecessem.

Evangelismo pessoal – como o Alfa e Ômega é um ministério da Cruzada Estudantil nós usávamos muito o folheto das Quatro Leis Espirituais. Falei tanto que eu quase decorei o folheto inteiro, hehe. Apresentávamos o Evangelho com este material para os estudantes que abordávamos nos intervalos das aulas. Rapazes evangelizavam rapazes e moças evangelizavam moças, com raras exceções.

Eu, Meirinho e Humberto
Discipulado – com as pessoas que aceitavam a Cristo como seu Salvador, nós marcávamos alguns encontros durante a semana e iniciávamos o discipulado em grupos de 2, 3 ou 4 pessoas utilizando o material da Cruzada Estudantil. Eu aprendi muita coisa nestes discipulados, verdades fundamentais que eu já conhecia, mas não sabia explicar muito bem me foram elucidadas durante estes estudos bíblicos com os rapazes que discipulei. Foram eles: Meirinho, Claudio, Benefício, Eduardo, João, Zé Maria, Nelson, Rafael, Belilo, Sergio, Humberto.

Outras Atividades – também tivemos encontros regulares com alguns jovens fora da Universidade. Tivemos uma noite social com alguns rapazes, jogamos um jogo de cartas que não fazia o menor sentido para mim, e tomamos um suco tão cítrico que até hoje faço careta só de lembrar do sabor. Também tivemos vários encontros de treinamento de futuros líderes, quem dava as lições eram os missionários do nosso Projeto (o Nilson e o Bill). Outro dia tivemos uma palestra sobre música na igreja e eu dei um estudo bíblico sobre o assunto.

Em Maputo ficamos hospedados na Casa de Hospedagem da Irmã Evangeline, uma senhora muito simpática que se dedicou a receber e tratar muito bem os missionários em sua estalagem. (Anos antes, quando meus pais foram a Moçambique com a APEC, também ficaram hospedados ali). Abaixo descrevo um pouco das outras atividades que desenvolvemos fora do campus da Universidade Eduardo Mondlane.

Visita a Igrejas - Num dos primeiros domingos visitei a Igreja Assembléia de Deus da Matola, lá me ofereceram a oportunidade de trazer uma meditação bíblica. Eu estava muito influenciado pela leitura de “O Fator Melquisedeque” e falei sobre Gn 12.1-3 mostrando que as bênçãos que Deus nos dá devemos repassar para os outros e nãos retê-las para nós mesmos. Usei a ilustração da linha de cima e a linha de baixo que Don Richardson cita em seu livro para explicar essa idéia.
Paulo Negrão
Também visitei a Igreja Baptista de Malangalena onde conheci o lusitano Paulo Negrão e sua mãe que me explicaram a origem do nome Negrão.  Segundo ele os Negrãos vieram da região de Cantanhede em Portugal.
Firmei uma boa amizade com o Bruno, um moçambicano que tinha uma banda de rock. Ele freqüentava a Mozambique Internacional Christian Fellowship, e fomos um final de semana ali naquela igreja. O interessante é que ali só se falava em inglês, tanto a pregação quanto as músicas cantadas era tudo em inglês, até o estilo de culto era americano. Acredito que era uma igreja para missionários ocidentais. Participamos de uma tarde de programação com jovens e fomos na manhã de domingo. Lembro muito bem que, apesar de eu me sentir muito bem naquela igreja, por ter um estilo todo americano, pensei comigo mesmo que não era esse meu objetivo inicial de estar ali naquele país. Uma vez que eu estava lá, deveria estar freqüentando cultos em igrejas moçambicanas em sua essência.

Sara e Rapahel
Jossefa - APEC-MZ
Encontros inusitados alguns eventos eu não poderia deixar de postar aqui neste espaço. Em Belém fiz muitas amizades com os jovens da Comunidade Vinho Novo. Eu havia tomado conhecimento de que o Rapahel e a Sarah, grandes amigos meus e membros desta igreja, haviam se mudado para Moçambique trabalhando no norte do país como missionários. Justamente durante meus dias ali em Maputo, eles vieram de volta para o Brasil e se hospedaram no mesmo local onde eu estava. Que encontro maravilhoso. Passamos o restante da tarde conversando e atualizando os papos do Brasil em plena terra Moçambicana. Também encontrei ali o missionário Jossefa. Ele é missionário da APEC e foi fruto de uma viagem missionária que meus pais haviam feito com a APEC em setembro de 1999. Foi uma emoção muito grande poder encontrar pessoalmente com alguém de quem eu só ouvia falar e por quem orávamos constantemente em nossos cultos domésticos.

Lazer – como lazer tivemos diversos passeios. Certa noite saímos para passear no calçadão à beira mar. Antes de chegarmos na pizzaria onde iríamos lanchar fomos abordados por jovens repórteres da TV local querendo nos entrevistar, o tema da reportagem era a diferença entre Paixão e Amor. Alguns de nós demos as entrevistas. Agente tava se achando os turistas importantes, hahahaha. Também saímos para fazer compras de artesanato numa ferinha no centro de Maputo. Tentamos assistir a um concerto de música franco-brasileira, mas quando chegamos no local descobrimos que o concerto havia sido cancelado.

Eu e Érica
No final do mês, findando nosso projeto, saímos para um retiro na praia do Bilene que ficava pouco afastado da cidade. Ali tiramos o dia para descansar e almoçar num restaurante muito bom. Ao final do dia nos dirigimos ao hotel onde nos hospedamos aquele fim de semana e tivemos uma noite muito especial. Nos reunimos para avaliar nosso mês sondando pontos positivos e negativos, também tivemos um momento de lava-pés, onde cada um ficaria a vontade para lavar o pé de qualquer pessoa da equipe com quem teve desentendimentos ao longo do tempo. Enquanto lavávamos os pés uns dos outros nós pedíamos desculpa pelo nosso comportamento inadequado que tivemos para com o nosso irmão. Um verdadeiro exercício de humildade. Momento inesquecível.

Tocando no convívio de despedida
Um grupo de jovens universitários que ficou mais próximo de nós fez uma festa (ou convívio como eles chamam) de despedida pra gente. Todos foram convidados para a casa de um de nossos amigos, e ali comemos, rimos juntos, brincamos, eles oraram por nós e nos despedimos com uma grande alegria de poder ter feito amizades sinceras naquela cidade, e por ter impactado a vida de jovens de maneira positiva.

Muito mais coisa teria para ser dita desta viagem. Mas o que marcou foi a experiência de trabalho missionário transcultural, ainda que tenha sido por um breve período. As amizades que fiz ali. O Osmar foi alguém com quem me identifiquei bastante e tornou-se um grande amigo. Também fiz muita amizade com o Bruno e com o Meirinho, este último era um dos rapazes com quem fiz o discipulado. Gostaria de ter a oportunidade de entrar em contato com eles novamente. Lembro-me de ter escrito vários emails para um grupo de amigos durante meus dias ali em Moçambique, e uma das coisas que eu escrevia freqüentemente era que eu estava muito cansado de tanto trabalho que tinha pra fazer, mas era um cansaço que valia a pena, pois o resultado de tudo aquilo seria visto na Eternidade. Foi isso que me motivou a continuar trabalhando.
Osmar, Cintia e eu

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